Ácido aspártico no esporte

Leonardo Soares

Aluna da pós-graduação de Nutrição Esportiva e Estética

@leosoaresnutri

O ácido aspártico é um aminoácido que pode ser dividido em 2 tipos, sendo eles, L-aspártico (LAA) e D-aspártico (DAA). Os benefícios que vamos falar neste artigo se limitam apenas ao DAA, com foco no aumento das concentrações de testosterona. Esse desfecho parece ter benefício tanto na prática clínica (tratamento de fertilidade), como no ambiente esportivo. Falaremos apenas da segunda situação.

O DAA está presente em tecidos do sistema nervoso central, reprodutivo e participa da regulação hormonal. Sua maior concentração parece ser nas glândulas endócrinas (que secretam hormônio) e por conta disso foi proposta que o seu uso traria efeitos sobre a performance esportiva, principalmente relacionado ao aumento da testosterona.

E realmente, em ratos essa alteração hormonal foi vista com um aumento hormonal significativo. A testosterona apresentou um aumento de 3,36 vezes, progesterona 2,72 vezes e o GH 1,96 vezes em relação aos valores de base (antes da suplementação).

Curiosamente, o trabalho de Melville et al (2017) não viu alterações significativas a níveis hormonais com uso de 6g. Na verdade, foi até observado uma leve redução nos níveis de testosterona e estradiol em homens treinados.

Um ponto interessante é que mesmo com essa redução hormonal, o grupo que suplementou o DAA apresentou um aumento de força maior em comparação com o grupo placebo, o que indica que essas pequenas oscilações hormonais dentro do intervalo de referência não é um fator limitante no mecanismo do DAA pensando em performance esportiva. 

Provavelmente essa diferença foi causada por uma eficiência maior na frequência de contração das fibras musculares no grupo suplementado. Imagine que temos um intervalo de tempo entre o sistema nervoso central mandar um sinal para as unidades motoras do músculo e elas entenderem que precisam fazer a contração muscular, aparentemente quem usou o DAA teve um intervalo menor entre esses dois processos, resultando em desfecho positivo na performance.

No trabalho de Willoughby et al. (2013), não foi observado nenhuma alteração hormonal nos participantes e nem alteração no desempenho esportivo.

Contudo, os autores citaram um trabalho anterior que viu uma melhora da testosterona nos seus participantes, só que com uma diferença importante, eles tinham baixos níveis de testosterona, em média 25% dentro da faixa inferior de referência. 

Sendo assim, pode ser que a suplementação seja mais útil em atletas com baixos níveis de testosterona, o que não é algo incomum de ser visto no ambiente profissional com os altos volumes de treinamento. Inclusive, pode até ser uma saída para contornar esse tipo de problema, já que a utilização de hormônios não é uma possibilidade por conta do anti-doping.

Jovem saudável, atleta fazendo exercícios com as cordas na academia

Além disso, existem estudos emergentes mostrando um possível efeito do ácido aspártico na produção de cartilagem. Ainda é cedo para dizer que isso implicará em benefícios ao esporte, mas futuramente pode ser que tenhamos o DAA como um protetor articular.

As doses que causam algum efeito geralmente variam entre 2-3g/dia e parece ser uma suplementação bem segura, até mesmo por longos períodos. Um estudo avaliou a utilização durante 90 dias de 2,66g em paciente subférteis e não relatou nenhuma alteração nos marcadores de saúde.

Podemos chegar a conclusão que por mais ainda falte trabalhos para comprovar a eficácia ou não do D-aspártico na estimulação hormonal, ele é um suplemento que pode trazer algum benefício para o atleta e com um bom nível de segurança.

E claro, nenhum suplemento deve ser testado no dia de uma prova, sempre é importante testar com antecedência qualquer estratégia, independente do seu nível de segurança ou eficácia.

Quer saber mais sobre o assunto? Acesse:

Artigo 1

Artigo 2

Artigo 3

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