Creatina além do esporte

Gabriela Motta

Aluna da pós-graduação de Nutrição Esportiva e Estética

@nutrigabrielamotta

A creatina é uma molécula que é produzida no corpo, principalmente no fígado, a partir dos  aminoácidos glicina, arginina e metionina, sendo caracterizado por ser um dos suplementos mais bem pesquisados ​​e eficazes. O fosfato de creatina, também denominada de fosfocreatina,  funciona como um reservatório de fosfato, sendo encontrado em grande quantidade nos músculos esqueléticos e no coração. Dentre as fontes alimentares de creatina, destacam-se a carne, aves e peixes, contendo cerca de 4 a 5 gramas por kilo de creatina.

Apesar de sua grande popularidade e aplicabilidade no meio esportivo, proporcionando aumento da massa muscular magra, força e capacidade de exercício quando usado com exercícios de curta duração e alta intensidade, seu uso no aspecto clínico também é de extrema relevância.

Dentre as patologias que a suplementação de creatina exerce efeito benéfico, estão: diabetes mellitus tipo 2, miopatias, distúrbios neurodegenerativos, câncer e até mesmo doenças reumáticas. Vale ressaltar que tanto a curto quanto a longo prazo, a suplementação é segura e bem tolerada em indivíduos saudáveis ​​e em diversas populações de pacientes.

O Diabetes Mellitus do Tipo 2 (DM2), por sua vez, é uma doença metabólica crônica caracterizada pela resistência à ação da insulina e o defeito na secreção de insulina manifesta-se pela incapacidade de compensar essa resistência. Modificações no estilo de vida são necessárias para o gerenciamento do diabetes, tanto na questão alimentar quanto na prática de exercício, a fim de conter a progressão e complicações metabólicas comuns relacionadas à doença.

Impacto da creatina no controle glicêmico

Por muitos anos, o exercício físico foi considerado um dos principais auxiliares no controle do diabetes tipo 2, juntamente com dieta e medicação individualizada. Dessa forma, estratégias capazes de potencializar o efeito dessas terapêuticas estão sendo cada vez mais estudadas, surgindo a suplementação de creatina como novo candidato no tratamento da diabetes.

Em condições fisiológicas, as células β pancreáticas secretam insulina em resposta à presença de substratos energéticos, a fim de manter a glicemia regulada. Entretanto, na diabetes mellitus tipo 2, observa-se uma falha da função das células β e, consequentemente, um declínio progressivo na secreção de insulina além da translocação de GLUT-4 abaixo do ideal, fato o qual deve ser levado em consideração já que o aumento da expressão e atividade de GLUT4 é indicativo de uma maior capacidade de trazer glicose para dentro de uma célula e regulação da glicêmica.

Dentre as possibilidades da relação da creatina com a melhora do controle glicêmico estão o aumento da secreção de insulina induzida pela creatina, alterações na osmorregulação induzidas pela creatina e o aumento da captação de glicose induzida pela creatina por meio de um aumento do transportador GLUT-4 e/ou translocação do mesmo

Além disso, já é conhecido que o treinamento físico tem efeitos sinérgicos à creatina, dessa forma, supõe-se que a combinação de ambos pode ser responsável pela promoção de maiores benefícios no contexto do controle glicêmico.

Apesar de existir diversas formas diferentes de creatina disponíveis no mercado, a creatina monohidratada é a opção mais barata e eficiente. Esta, por sua vez, pode ser suplementada através de dois protocolos distintos: o de saturação e o de manutenção.

No protocolo de saturação, a recomendação é de 0,3 gramas por quilograma de peso corporal por dia por 5 a 7 dias, depois siga com pelo menos 0,03 g/kg/dia por três semanas. Para evitar diarréia e náusea, fato que pode ocorrer quando muita creatina é suplementada de uma só vez, é necessário que doses menores devem ser distribuídas ao longo do dia e tomadas com as refeições. Já na manutenção, a dose recomendada é de 3 a 5g por kilo de peso diariamente.

Como a suplementação vem sendo estudada desde a década de 1990, existindo milhares de estudos publicados a curto e longo prazo, é uma solução segura, eficaz e acessível, podendo beneficiar uma imensa amplitude de pessoas, desde a infância até a velhice, com ou sem tratamento médico.

A suplementação de creatina promoveu o potencial de promover alterações no metabolismo da glicose que podem favorecer um perfil metabólico mais saudável e, aliado ao treinamento físico, o efeito torna-se ainda maior pois a creatina parece melhorar as adaptações do treinamento.

Quer saber mais sobre o assunto? Acesse:

Artigo 1

Artigo 2

Artigo 3

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