Susilane Pereira
Aluna da pós-graduação de Nutrição Clínica Integrativa Funcional
@susipereira_nutri
O músculo esquelético, o tecido mais abundante do nosso organismo tem a capacidade de manter o crescimento e funções normais através das proteínas e renovação celular. Se por um lado, o músculo saudável apresenta capacidade regenerativa em virtude da proliferação, diferenciação e autorrenovação das células satélites, por outro, ele regula o equilíbrio da síntese e degradação proteica, através de mecanismos para manter sua massa e tamanho.
Neste contexto, os minerais são indispensáveis ao organismo, pois atuam na regulação do metabolismo corporal, incluindo os processos-chave no aproveitamento de energia e no rendimento físico.
O magnésio (Mg), o quarto mineral mais abundante no organismo, está envolvido em mais de 300 reações metabólicas no nosso corpo, age como cofator na síntese proteica, na produção e no armazenamento de energia celular, na síntese de DNA e RNA, na estabilização das membranas mitocondriais e no metabolismo da glicose e insulina. Esse mineral ainda atua na transmissão nervosa, na excitabilidade cardíaca, na condução neuromuscular, na contração muscular, no tônus vasomotor e na pressão arterial.
O organismo de um adulto saudável tem aproximadamente 21 a 28 g de magnésio, 50-60% do mesmo pode ser encontrado nos ossos, 25-30% no tecido muscular, 20-25% em outros tecidos e apenas 1% desse mineral se encontra no sangue. Alimentos como semente de abóbora, amêndoa, avelã, castanha do brasil, castanha de caju e nozes se destacam como alimentos fonte desse mineral.
O mineral está presente como íon Mg 2+, que pode se ligar ao trifosfato de adenosina (ATP) para formar o complexo Mg-ATP. Tal complexo funciona como fonte primária de energia e é indispensável para diversas funções fisiológicas, inclusive contração muscular. E devido ao seu papel na produção e armazenamento de energia, função muscular normal e manutenção dos níveis das concentrações de glicose plasmática, o mesmo tem sido significativamente relacionado ao desempenho físico e estudado como um auxílio ergogênico para atletas.
O exercício físico é capaz de regular a distribuição e utilização do Mg, enquanto o mesmo participa de atividades de força e funções cardiorrespiratórias, demonstrando uma relação recíproca entre o exercício e o Mg no organismo. Em resposta ao exercício, o Mg é transportado para locais na qual a energia está sendo gerada. O exercício afeta o metabolismo do Mg e há uma resposta alternada dependendo da intensidade do exercício. Durante o exercício de resistência a longo prazo, o Mg sérico tende a mudar do soro para eritrócitos ou músculo para apoiar a função do exercício. Por outro lado, o exercício de curta duração pode reduzir o volume plasmático/sérico, resultando na elevação dos níveis séricos de Mg.
O mecanismo subjacente da melhora da força induzida pelo Mg provavelmente se deve a sua função na síntese proteica e no metabolismo energético, cooperando para o processo de contração e relaxamento muscular.
O metabolismo da glicose e a glicólise são processos chave para a produção de energia durante o treinamento. O Mg pode influenciar o desempenho através da via metabólica da glicose. Uma vez que o Mg-ATP é a molécula direta utilizada na prática do exercício, a produção de energia depende do estado celular desse mineral. Nesse sentido, tal processo é prejudicado quando há suprimento inadequado de Mg.
Em geral, o Mg desempenha um papel importante no metabolismo da glicose através de vias de homeostase da glicose; regulação da fosforilação; e atuando como cofator para muitas enzimas-chave, como piruvato desidrogenase e creatina quinase.
A hipótese de que a hipomagnesemia poderia prejudicar o desempenho físico teve início com o relato de que o tenista com espasmos musculares apresentou valores plasmáticos de Mg (0,65mM/L) abaixo do preconizado. Os espasmos cessaram em poucos dias após a administração de 500mg/d de suplemento de Mg.
Atletas que não consomem quantidades adequadas de magnésio não são imunes a uma resposta inflamatória crônica e precisam estar cientes das possíveis consequências que isso pode ter para sua saúde e desempenho atlético a curto e longo prazo.
A deficiência de Mg pode levar a a fraqueza muscular, espasmos e tremores, além de irritabilidade, redução de atenção e confusão mental.
Em modelos animais, a suplementação de Mg aumentou a disponibilidade de glicose no músculo, sangue e cérebro, bem como a depuração de de lactato muscular durante o exercício.
Em um estudo que examinou o efeito da suplementação de magnésio nos níveis de glicose e insulina em desportistas em repouso ou exaustão, os pesquisadores descobriram que a suplementação de Mg por 4 semanas foi benéfica para a utilização da glicose nas fases sedentária e ativa.
O fornecimento adicional de Mg pode reduzir as necessidades de oxigênio para as células musculares durante o exercício físico, corroborando para a otimização dos movimentos físicos.
O Zinco (Zn) por sua vez é um micronutriente com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias conferindo estabilidade estrutural às membranas celulares. Um adulto saudável dispõe de aproximadamente 2-3g de Zn distribuídos em todos os tecidos, líquidos e secreções, sendo que 60% do mesmo é armazenado no músculo esquelético, 30% no osso, 5% no fígado e pele, 2 a 3% em outros tecidos e apenas 0,5% encontra-se no sangue.
Uma vez que a maior concentração de zinco encontra-se disponível no tecido muscular, sua deficiência se torna uma grande preocupação para a fisiologia muscular. Foi demonstrado em modelo animal que a deficiência marginal de Zn afeta negativamente a recuperação da lesão muscular. A falta de zinco impede a fusão do mioblasto, enquanto a fusão do mioblasto depende da disponibilidade adequada de zinco. O Zn é amplamente distribuído nos alimentos. Alimentos ricos em zinco incluem carne vermelha, alguns frutos do mar, grãos integrais e alguns cereais matinais fortificados.
Perdas no suor, com consequente redução do zinco plasmático em atletas pode levar à fadiga e a decréscimo na capacidade de endurance. Além disso, a deficiência desse mineral, pode levar a anorexia, perda de peso corporal, fadiga crônica e risco elevado de osteoporose. A ingestão desse mineral é bem variada entre os grupos de atletas de diferentes modalidades, no entanto, evidências demonstram que a deficiência prevalece entre as mulheres.
O Mg e o Zn são dois minerais importantes no que diz respeito ao metabolismo energético, e assim, importantes no que diz respeito ao desempenho do exercício físico. Evidências sustentam a hipótese de que ambos promovem força e melhora na função cardiorrespiratória de atletas. Os valores de referência da ingestão dietética para Mg de acordo com as DRIs para um homem adulto são de 420mg/dia e para mulher 320mg/dia. Já os valores preconizados para Zn são de 11mg/dia e 8mg/dia, para homem e mulher respectivamente. Em resumo, o Mg e Zn são minerais essenciais envolvidos no metabolismo energético, função cardiorrespiratória e ações musculares. O desempenho do exercício pode ser comprometido com o suprimento deficientes dos mesmos. Neste contexto, quando a ingestão por meio da alimentação não é atingida, a suplementação pode melhorar a eficiência do metabolismo energético e parâmetros de desempenho em exercícios aeróbicos e anaeróbicos.
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